terça-feira, 24 de julho de 2012

Produção dos alunos - COTUCA


Os alunos do 1º ano do Ensino Médio do COTUCA, colégio técnico localizado no centro de Campinas, produziram, utilizando-se de diferentes gêneros, textos baseados em nossas aulas sobre o livro Sentimento do Mundo de Carlos Drummond de Andrade. Os alunos abordaram os seguintes temas: efemeridade da vida, problemas sociais ou urbanização.


Pablo Luis Rubio Silva

Princesa do lado escuro do dia


A vizinhança hell
Um mar de juízo é o papel
Afago pra lá infeliz
Mais um trago miz.

Por sorte, passaporte para
América doNorte, please!
Europa diz : “Ah!”
Um sonho ela quis...

Assassinada por um rato
Num hotel barato
Agoniza na cama:
“Drama, estatística, fato!”

Um nóia sujo, advogado,
Bêbado confuso,
Pai de família,
Pastor com fé e desuso.

Matilha de dois,
Ou de homem grande, vilão
Cliente frio: “um produto sem coração”.

Corpo marcado
Cicatriz de gado ao relento
Vai para sua coleção de sofrimento...

Princesa dos esgotos sujos,
Seio novo sobre o bojo
Vivendo em solo inimigo:
“Nojo!”

Esperança triste,
Adubo do sonho da infância
Buscando em si
Se isso ainda existe...

A vida de uma pessoa rica
Dyonathan Willian Jacob
Quando a criança nasce,
nasce sem ambição.
Mas logo ela cresce,
Começa sua missão.

Qual seria a missão?
Possa ser estudar,
Mas é principalmente
Que possa se “enricar”.

Ela busca dinheiro,
sem se preocupar
com nada nem ninguém.

A vida que ela passa
é tão rápida, pois
quando vai perceber a vida dela já foi.



Gabriel Vicente da Silva


Que mundo é esse?

Um mundo que quer o mal,
Um mundo que nos engana,
Um mundo que esconde tudo,
E nós continuamos aqui.

Nada fazemos,
Continuamos aceitando
O mundo piora,
E nós continuamos aqui.

Dizem que ele está evoluindo,
Mas só querem mandar no povo.
Que ironia, nós somos o mundo,
E o mundo manda em nós!
Enfim, que mundo é esse?



Rodrigo Ratti Brolo

O Rico e o Pobre

O rico trabalha pouco,
O pobre não para de trabalhar.
O rico tem uma mansão,
O pobre dorme em papelão.

O rico viaja para a Europa,
O pobre viaja para Salto.
O rico correndo é atleta,
O pobre correndo é ladrão.

Pobre trabalhador não desfruta de mordomia,
Pobre em saúde, pobre em amor.
Rico alegre se diverte, aproveita a vida,
Rico em saúde tem hospital particular.

Nesse mundo tão desigual,
Talvez não real,
Um dia o pobre vai ser rico, e o rico humilde,
Ainda o mundo será igual e se tornará real.


Ana Luiza de Lucena

Caderneta

Eu sentada sozinha,
na sala.
Com um lápis e uma caderneta.

Tantas coisas se passam
pela mente, tantas coisas
acontecendo
e eu apenas aqui, com um lápis
e uma simples caderneta.

Posso escrever tantas coisas,
mas não me vem nada na cabeça.
Apenas no fato de eu parar
para o mundo e me sentar
com uma caderneta nas mãos.

Transformar algumas palavras
em poesia.
Afinal, quem tem esse tempo?
Tempo para um simples ato,
escrever poesia...
São poucos.

Quase ninguém.


Bianca de Souza Pereira

Deficiência

Deficiente é aquele que,
depende muito das pessoas
para seguir sua própria vida,
não aquele que se faz diferente,
sem mesmo ser.

Cego não é aquele que
não quer enxergar o próximo,
e sim aquele que quer,
mas por algum motivo,
não consegue.

Surdo não é aquele que
não quer ouvir, e sim
aquele que quer,
mas não consegue.

Mudo não é aquele que
se faz e mudo
diante dos seus problemas,
e sim a pessoa que
não consegue discuti-los.

Todos nós somos deficientes,
mas de diferentes maneiras,
e a maior deficiência é
aquela que julga as pessoas,
sem mesmo conhecer,
de maneira muito cruel.


João Victor

Um mundo hipócrita

Cansei,
Esse mundo cheio de alegrias supérfluas não presta! Um mundo cheio de falsidade com pessoas hipócritas não me encanta mais. 
Daqui, dessa janela, vejo um mundo que não quero. Meu quarto, nesses últimos dias, está muito mais interessante, aqui tenho amigos verdadeiros, uma alegria concreta que não se esvazia e que dura, até eu sair dele.


Allan Antonio da Silva

Pessimismo ao extremo

Se você pensa que tudo está acabado,
Não se dê por vencido.
Por isso, não deixe as coisas de lado,
Pois nada está perdido.

Quando você sai do seu lar
Acha que vai acontecer algum acidente,
Mas na verdade está pensando negativamente
E por isso tem que parar de se preocupar.

O pessimismo parte do coração,
Se alguma coisa de ruim acontecer
Isso será um sentimento muito forte
Que dificilmente terá recuperação,
Caso você consiga sobreviver
Não insista na sua morte.

Aproveite a vida enquanto pode,
Pois depois que a vida for,
Não adianta reclamar, chorar e sofrer.



Andrey B. S. Portela

Direito à vida

Em um bairro distante, vivia uma família que era composta por Dona Luiza, a mãe, seu João, o pai, e seu filho Joaquim, com dois anos de idade.
Nesse lar não havia fartura, viviam uma vida humilde e até com muitas privações, pois o pai era vigia e a mãe, empregada doméstica.
Em um certo dia, Dona Luzia percebeu que o pequeno Joaquim ardia em febre. Toda preocupada, levou o menino ao posto médico, onde constatou que o garoto estava com pneumonia.
Como não havia vaga, para que a criança fosse internada, a mãe foi aconselhada a levá-lo para casa e medicá-lo com um anti térmico e que retornasse após dois dias. Não tendo outra opção, a pobre coitada resolveu fazer o que lhe solicitaram.
No dia seguinte, ao acordar, reparou que seu filho estava muito quieto e, ao se dirigir ao berço, ficou desesperada ao ver que seu filho estava respirando com dificuldade.
Apavorada, levou o menino às pressas ao hospital, onde ele ficou internado, mas como era um hospital com poucos recursos, o menino acabou falecendo.
Passado meses da morte do pequeno Joaquim, Dona Luzia ainda não se conformava com a triste realidade de que os ricos tem mais direito à vida do que aqueles como ela, que são pobres mortais que se veem à mercê da sorte.
Apesar dessa desgraça que caiu sobre essa família, Dona Luzia não deixou se abater, e hoje luta por melhores condições na área da saúde, pois a vida é um direito de todos.




Isabella Foregato

De mal a pior

Ontem, quarta-feira, meu filho de quatorze anos, que está na oitava série e estuda em uma escola pública do bairro, chegou em casa, triste e reclamando. Perguntei o porquê de tanta tristeza que estava em sua face e das muitas reclamações, e ele me disse que estava assim, pois não conseguia entender porque os professores(as) faltam tanto e os alunos não levam os estudos à sério e sempre atrapalham àqueles que querem estudar; a escola é suja e toda pichada e, o mais grave, o conteúdo é fraco, e porque não concordava de só ter física, biologia e química no ensino médio, pois queria prestar prova para estudar no COTUCA e nestas provas de vestibulinho caem todos estes conteúdos. 
Depois de ouvir tudo isso, fiquei analisando o que meu filho tinha dito, e cheguei à conclusão de que ele estava certo. Por ver que ele é muito dedicado, queria colocá-lo em um cursinho pré-técnico, onde ia aprender esses conteúdos e realizar seu sonho de estudar no COTUCA. Uma coisa que me dói é saber que eu e meu marido não temos condições financeiras de dar bons estudos e pagar um cursinho – que tenho certeza que ele iria ficar muito contente e se dedicaria ao máximo.
Com tudo isso, chego à conclusão de que o governo não se preocupa com os alunos pobres. Tomara que meu filho tenha oportunidades boas na vida, pois ele merece, além de ser muito dedicado é um ótimo filho. Neste mundo de tantos problemas e desigualdade social, o governo deveria apresentar mais soluções e recursos aos carentes.



Renan Nascimento Pires

O relógio dispara, começa mais um dia, entre tantos outros. Parece que eu já vi esse filme, estou cansado de vivê-lo. Tomei meu banho, escovei os dentes e agora eu vou trabalhar. Tirei o carro da garagem e comecei a fazer o mesmo caminho que eu fiz por quase toda minha vida. São sempre as mesmas imagens: paredes pichadas, carros queimados, mendigos abandonados. Até que eu cheguei no serviço, as mesmas pessoas com suas falsidades...
Toca o relógio, é hora do almoço. Peguei meu carro e vou para o restaurante em que marquei com minha namorada. Como sempre, ela já está lá a minha espera. Entramos na fila e pedimos o mesmo prato. Ela me diz “estou atrasada, tenho uma reunião hoje”. Sentamos na mesma e em dez minutos acabamos e ela vai para seu serviço, que fica bem longe do meu. Volto ao trabalho, não vejo a hora de acabar. Tenho pressa, já sei tudo o que vai acontecer, são sempre as mesmas coisas, não tenho mais amor nenhum por essa vida.
Mais uma vez, toca o relógio, agora é hora de voltar para casa, faço o mesmo caminho de sempre, ao entrar em casa vejo um bilhete, é da minha namorada. Nele diz: “Minha mãe está doente, vou dormir hoje na casa dela”. Já é hora do jornal, mas para que eu quero vê-lo? Já sei tudo o que vai passar: marido mata mulher, adolescente rouba para se drogar, o presidente está envolvido em mais um caso de corrupção. Vou escovar os dentes e dormir porque amanhã vai ser a mesma coisa.



J. Aparecido Jr.

Saudade, simples saudade

Sentimento que não falha
afinal, pra que viver com isso?
Saudade. O pior sentimento que
meu coração poderia ousar sentir.

Se for para continuar vivendo assim,
com esse sentimento que corrói
que machuca, que chega no mais profundo
da alma. Prefiro a morte.

Os dias estão frios,
as noites estão mais quentes.
Será que eu, e somente eu,
é que sinto o mundo desabar?
Momentos de loucura me tomam a
mente, só de pensar que
continuarei com esse sentimento: saudade!


Letícia Foregato

Alguns minutos e uma morte

Ontem à noite fui ao hospital levar o meu filho mais novo para fazer alguns exames que estavam marcados para às dezenove horas. Cheguei lá e fiquei mais ou menos uns vinte minutos procurando vaga no estacionamento. Quando achei, fui levar o menino para fazer o cadastro, só que sem perceber entrei na parte do hospital que era para pessoas que não tinham convênio médico.
Aquele ambiente com pessoas tomando soro no corredor me chamou tanta atenção, que disse ao meu marido: “Leva o nosso filho enquanto eu observo como são as coisas por aqui”. Eles foram e eu me sentei ao lado de um senhor de idade, que estava muito mal e aguardando por atendimento há mais de três horas, e ali fiquei conversando com ele sobre a saúde pública. 
Entrou uma mulher grávida precisando urgente de socorro, as mocinhas a recepção saíram correndo para pegar uma maca; o doutor, que por sinal não era da área, posicionou a maca no corredor central e, desesperado, tentou ajudar, mas os socorros não foram prestados corretamente e o neném faleceu. Transferiram a mulher de hospital, pois ela havia pego infecção e corria risco de vida também.
Meu marido e meu filho foram me chamar, pois os exames tinham dado certo, eu então me despedi do senhor e fui embora abismada com o fato que eu vi em menos de uma hora e, é claro, fui contando do hospital até em casa.


Rafael Loati

Brasília, terra de que posso me orgulhar

Estava hoje andando
pelas ruas de Brasília
logo avistei dois homens, um sozinho e outro com a família
ouviu um grito de socorro, e o outro homem já havia desaparecido

Já imaginei o que havia acontecido:
o desaparecido
havia roubado o homem com sua família
os filhos, muito assustados

Naquela cidade o que mais valia era o lucro individual
Pensei então, e a segurança? Prometida por tais pessoas, que naquela cidade viviam
mas agora era tarde, já nem o alcançaria
talvez um pensamento melhor mudaria quatro anos de sua vida

Mas aquilo era normal
o lucro individual
por animais “racionais”
que lá ganhavam milhares e milhares de reais.



Ademir de Jesus Barbaro

Que vida louca

Um dia passeando na rua
Eu me deparei com a tristeza e a angústia
De ver alguém sofrendo sem direção

Amor de muitos esfriando
E o mal a cada dia aumentando
No coração do ser humano

Vejo jovens se drogando
Garotas se vendendo
Para poderem viver

Vejo tudo isso, minh’alma estremece
Vendo alguém sofrendo sem direção


Eu vejo jovens se drogando
Garotas se vendendo
O mundo se acabando

Eu vejo isso o tempo inteiro...
Noite e dia
Já não há paz na periferia
Muitos manos se acabando lá na boca
Se não tem dinheiro
Tem hora, tem roupa...

Que vida triste...
Que vida louca...


Hernani M. C. Cerico

Só Rezo

No chão tipo cão vadio
Coração vazio
E são, bênçãos e contradição

O suor de quem levanta cedo e vai
A dor de quem te causa
Medo e mais

Violência como o vazar do sol de agora
Vestido como a bala
E piora tudo

Cai o mundo
Finda-se o bem
Mesmo sem dinheiro
A favela reza pra alguém


Benedito Amauri dos Santos Junior

O fim do mundo

Muitos dizem: “o fim do mundo está próximo”
Muitos dizem que o fim do mundo há de vir
Sem pensar no que acontece ao seu redor
Sem pensar nas crianças que já não sabem sorrir

A ganância e a maldade já estão no poder
E a bondade e a honestidade não conseguem mais se eleger

Gente matando gente
Motivos sequer não há
A piedade já foi extinta
A alegria não voltará

Muitos dizem: “o fim do mundo está próximo”
Mas próximo ele já esteve a muito tempo atrás
A fé é a única salvação
Buscando através do arrependimento e do perdão
Sair deste mundo de escuridão



Felipe Filetti Vieira

Feliz Aniversário

Não sei se fui amaldiçoado ou se em vidas passadas fiz algo de errado, mas agora sofro a punição, se não foi isso, então por que?
Tentei me isolar do resto do mundo, mas sempre vinha alguém e falava comigo, e o que era inevitável ocorria. O pensamento de suicídio aumentava cada vez mais, mas a prática era sempre falha. No entanto, algumas cicatrizes foram deixadas, mas nenhuma era uma solução, só mais dor. Tenho todo dinheiro do mundo e, mesmo assim, não tenho nenhuma riqueza.
Eu era fraco, incapaz de me matar e acabar com essa desgraça, então me tranquei nesse quarto isolado, esperando morrer.
Meu nome é Felipe Vieira e caso alguém, um dia, leia essa carta, peço um favor: comemore meu aniversário, com bolo e balões, sempre quis uma festa para mim.


Felipe Gonçalo Silva

Como viver nessa sociedade

Num bairro de classe social muito baixa da cidade de Campinas, vivia uma família muito pobre. Na família, havia o pai, a mãe e duas crianças. Passando por dificuldades, já que o pai fora despedido de seu trabalho porque estava muito desqualificado para sua profissão, perdendo espaço para outros mais qualificados. 
A mãe servia como dona de casa, cuidando das crianças também. Mas devido às crises, também foi atrás de um certo trabalho. Graças ao seu nível escolar baixo e à ideia de submissão feminina cultivada pela sociedade, cada dia que passava, diminuíam as chances, a expectativa e a esperança.
Junto com o abalo psicológico, a fome e as condições eram cada vez mais sub-humanas. Devido à precariedade e ao desespero, a única saída que Maria Joana, a mãe, encontrou foi a prostituição, mas mentiu para a família, com o intuito de não abalar a estrutura familiar. Dizia ao marido - também em desespero - que tinha encontrado um emprego como faxineira noturna.
Numa sociedade preconceituosa e machista, às vezes, a única saída de uma mulher que precisa sustentar uma família é vender o próprio corpo para satisfazer o desejo masculino, já que a sociedade não dá oportunidade.


Thaís dos Santos Silva

Saúde

O problema com o SUS começa nos postos de saúde de pronto-atendimento: filas enormes na espera de atendimento e, até mesmo, pessoas idosas, gestantes e crianças recém-nascidas; consultas marcadas, mas que não são atendidas por falta de médicos ou medicações para os pacientes.
Esses tipos de problema poderiam ser resolvidos se os dirigentes (coordenadores) organizassem as leis que são implantadas pelo governo, isto é, que paciente não pode ficar sem atendimento ou sem medicações. Ou melhor, cidadão tem que ter atendimento, pois eles pagam impostos e então tem que receber benefícios pelo que eles pagam.


Bruno M. de Souza

A Sociedade

Sociedade
Como defini-la?
Ricos, pobres, censurados e oprimidos?
Pessoas solitárias e carentes?

Sinceramente, não há como defini-la.
Só o que sabemos é que sua inteligência
é lendária
Grandes feitos, conquistas impossíveis,
mentes brilhantes, aura envolvente
Teorias muito contestadas, mas no final,
mostraram-se acertadas

Frios e calculistas até o amor encontrar
Um amigo, um irmão, a história de uma vida
Uma mentira, uma injustiça, e o mundo
uma grande perda sofrerá
Lágrimas de sangue, sentimentos a mil.

Um coração que guarda lembranças
de personalidades extraordinárias, especiais
Por causa de muitos que não conhecem
o verdadeiro amor,
o mundo hoje mergulha em escuridão

Crimes, revoltas, violência e corrupção,
tudo parece clamar e chorar
Hoje o mal predomina
porque assim escolhemos
ao dar as costas à Justiça
que em forma excêntrica se apresenta.


Hosana Ferraz

Egoísmo

Ando pelo centro
sem rumo
no sentido do vento
que me leva para
qualquer lugar

Nessa caminhada
sinto angústia
por onde olho
só vejo desinteresse
pelo que deveríamos preservar

Ó mundo, peço-lhe desculpa
sou tão impotente
como posso chamar a atenção
daqueles que estão tão alienados
que valor àquilo que importa não sabem dar?

Nós, seres humanos,
que não respeitamos
nem nós mesmos
lhe destruímos, maltratamos
e só sabemos pensar no nosso futuro

Mas enfim, o que posso fazer?
um andorinha só não faz verão
e o egoísmo já é uma marca registrada
dos seres humanos...

E bem o que eu posso dizer?
O jeito é continuar e fingir
que sou mais um alienado
sem opinião.


Beatriz Alves Foregato

Apenas mais um dia

Hoje, dia vinte e cinco de dezembro, para muitos é um dia especial, mas para mim é apenas mais um dia em meu calendário.
Acordei, tomei meu café, e então recebi um telefonema. Era minha irmã, ela me ligara para perguntar quais eram as minhas expectativas para este dia, me perguntou também o que eu haveria de comer, de vestir, e onde eu passaria meu Natal. Disse a ela que, para mim, a única coisa que hoje seria diferente, é que eu não precisaria trabalhar, mas, quanto ao restante, seria tudo igual. Ela desligou.
Tomei um banho, coloquei meu velho jeans e uma camiseta, e fui comer naquele velho restaurante, onde todos os dias eu comera. Eu estava disposta a não modificar minha rotina do ano todo, pois afinal são quase 360 dias (menos nos insignificantes finais de semana), em que eu faço sempre as mesmas coisas.
São sempre as mesmas obrigações e preocupações, a família ainda é a mesma, nada nunca muda. E eu vou vivendo essa mesma vida durantes dias, semanas, meses, anos e mais anos.


Fernanda N. Alexandrino

A família do pobre e do rico

O carro do rico é importado
Pobre tem que pegar ônibus lotado.
O celular dele é de última geração
E pra gente está quebrado o orelhão.
A casa dessa gente é mansão
Enquanto a nossa é barracão.
Os filhos desse casal estudam
em escola particular
E nós, os pais, não temos grana
nem pra pagar o lar.
Para eles, está servido o banquete
sobre a mesa
Já esse mês não tem dinheiro
pra fazer a despesa.

Hoje entra sobre essa família a pobreza
Criada pela família que possui riqueza

Um pobre e um rico
vestindo roupa rasgada
Seremos favelados
e essas pessoas modernizadas
O cara é o patrão
e eu sou o empregado
que no final do mês sou mal pago

Minha mulher só trabalha
cuidando da casa e dos filhos
e, no final do dia, está cansada
A madame passa o dia no shopping
a gastar e, quando quebra a unha,
fica estressada
Essa família vai passear
e ficamos aqui a camelar.

Depoimento:
De um pai de família, que é um lutador
um pobre homem, um verdadeiro sofredor
a sua família precisa sustentar.
À luta, vamos lá, pois precisamos trabalhar
em relação a um chefe que à sua família
dá dinheiro para se esbanjar
às custas de suor e do sangue derramado
ao se escravizar.


Rafael Alvez de Vasconcelos

Do Céu ao Inferno

Raul perdeu os pais muito cedo em um acidente de carro. Na época do acidente, Raul tinha sete anos de idade e, com a morte dos pais, Raul foi criado pelos tios maternos. Raul era muito maltratado, passava o dia e a noite no porão porque seus tios não queriam que ninguém visse que Raul sofria muito. Ele aguentou esse sofrimento por três ano, até que um dia decidiu fugir: esperou todo mundo dormir, pegou algumas camisas e calças, uma foto de seus pais, e foi embora; no dia seguinte, ninguém mais dava notícia do jovem Raul.
Vinte e cinco anos se passaram. Raul hoje é um empresário renomado mundialmente, vive em uma mansão, e tem uma pequena fortuna. Depois de fugir de casa, Raul teve sorte de ser adotado por uma boa família que o tratava muito bem e tinha uma boa estrutura.Com trinta e cinco anos de idade, Raul já é dono de algumas pequenas empresas, mas Raul era viciado em jogos de azar.
Certo dia, Raul resolveu jogar no bingo que ele costumava frequentar. Ele estava disposto a apostar muito dinheiro e encontrou algumas pessoas dispostas a jogar. Começaram a apostar muito dinheiro, mas Raul não estava num bom dia e já tinha perdido metade de sua pequena fortuna, então ele resolveu ir para o tudo ou nada e apostou o resto do que sobrou de sua pequena fortuna e também apostou o que não tinha, mas Raul não estava em um bom dia e perdeu tudo. Os outros jogadores deram um prazo para Raul pagar o que devia.
Raul saiu desesperado porque não tinha como pagar o que devia. Chegou o dia do pagamento e Raul não tinha todo o dinheiro e não sabia que estava devendo para mafiosos. Na hora do pagamento, Raul foi se explicar, mas os mafiosos não aceitaram as propostas de Raul e disseram que ele pagaria com a vida. Levaram Raul para um cativeiro, torturaram-no e judiaram-no até a sua morte. No dia seguinte, em todos os jornais, saiu a notícia da morte de Raul e, como sempre, ninguém descobriu que matou Raul.





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