quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Produção textual dos alunos

Os alunos do 1º ano do Ensino Médio da E.E. Dora Kanso (Village - Campinas) fizeram um final alternativo para o conto "Passeio Noturno" de Rubem Fonseca no dia 26/10/2011.

Passeio Noturno - Rubem Fonseca
 (Conto retirado do livro 64 contos de Rubem Fonseca)
Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa, entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta bancária conjunta.Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites, também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.


Enfim, achando que a mulher estava morta, por incrível que pareça, a mulher levantou com umas das pernas manca e saiu correndo a pedido de socorro. Rapidamente eu corri para dentro do carro e a persegui com algumas dificuldades para andar com o carro, pois ela seguiu em direção às árvores.
Pisei fundo no acelerador e bati nas pernas dela a arremessando longe. Saí do carro para verificar se ela estava morta, e, segundos antes de ela morrer, ela puxou uma arma da cintura e atirou em minha cabeça.
Dennys


Chegando em casa, minha mulher estava assistindo novela, meus filhos no quarto. Após um tempo, já cansado, fui dormir. No dia seguinte fui trabalhar. Chegando em casa, minha mulher, como de costume, assistindo novela, minha filha no quarto e meu filho foi à casa de um colega de carro. Como de costume, chamei minha mulher para dar uma volta, mas ela não quis, então fui tirar meu carro da garagem em busca de uma vítima. No caminho o inesperado acontece: o carro quebra. Decidi ir ao mecânico mais próximo. No caminho vi um carro se aproximando em alta velocidade. Reconheci a placa: era meu filho. Quando pensei em acenar para ele senti meus ossos se quebrando. Na primeira não foi fatal, no entanto, ele deu ré encostando o pneu em minha cabeça, depois não senti mais nada.
Maycon Castro


Mas ainda não estava satisfeito, então fui para uma outra rua deserta não muito distante dali. Por sorte, havia um casal se aproveitando da sombra da noite. Distraídos um com o outro, nem perceberam quando invadi a praça onde estavam e os peguei em cheio. Logo após uma noite perturbadora passando por ruas sem vida, cheguei em casa com aquele forte som do silêncio. Minha mulher perguntou se eu tinha chegado, eu agi naturalmente como se nada tivesse acontecido. Então respondi que não tinha chegado ainda.
Lucas Moraes Ferrari


Olhei pelo retrovisor e vi um homem correndo desesperadamente com um celular na mão. Imaginei que poderia estar chamando uma ambulância, mas não me preocupei. O impacto foi tão forte que não teria como ela sobreviver.
Voltei para casa, estacionei o carro na garagem. Limpei o sangue do pára-choque e fui dormir junto da minha mulher. Passaram-se duas semanas, cheguei em casa, como sempre cansado do trabalho. Escutei a campainha tocar, imaginei quem poderia ser. Abro a porta e vejo uma mulher de muletas toda engessada. Ela soltou uma de suas muletas, colocou a mão na cintura e puxou um revólver. Só tive tempo de ouvir o barulho do tiro que perfurou a minha testa.
Lucas Cardoso


Bom, está na hora de ele receber o dele. Então, por isso, precisamos de um carro e de uma mulher de coragem.
Em uma noite de terça-feira, a mulher pegou seu carro e saiu muito estressada. Passou por uma rua deserta e viu um único carro no local: pronto é agora. Ela acelerou o carro e bateu nos outro, fazendo assim, o outro carro capotar. Ela acabara de matar alguém que ela nem conhecia. Logo acelerou o carro e foi embora.
Ana

Porém, ao achar que era apenas um dia comum, começou a contornar para sua casa e ficou com vontade de comer um Mac Lanche Feliz e, ao parar no fast food, viu que a garçonete não era nada mais nada menos que a mulher que ele havia atropelado. Então ela pegou a surpresinha do Mac Lanche e começou a bater nele loucamente até ele morrer, e todos viveram felizes para sempre, happy forever!
Pedro Pierini Silva


Na volta para sua casa, ele perdeu o controle do carro e bateu. O carro capotou várias vezes, o cheiro de gasolina era insuportável. Ele tentou sair do carro, mas não conseguiu, pois o cinto de segurança estava preso. De repente, o carro começou a pegar fogo, ele se desesperou mais não conseguiu sair. De repente, só escutou o barulho, o carro explodiu com ele dentro.  Taynara 

Rapidamente dei meia volta apressado e fui para o meu apartamento com o carro quebrado. Chegando lá, minha mulher disse:
- Que voltava rápida foi essa?
Eu não lhe respondi.
No dia seguinte todos comentavam sobre o acidente que ocorreu naquela rua escura e calma.
Luan C. dos Santos


Gostaria que vários homens pegassem-no, dessem uma surra, e que depois ele fosse preso e que perdesse todo o dinheiro dele.
             Depois de um bom tempo que pagasse a pena, voltaria a trabalhar e ganhasse um bom dinheiro e uma mulher melhor pra ele, não uma que só fica sentada.
             Depois de tudo o que ele passou, que a vida lhe desse uma nova oportunidade.
Alesandra


E na volta para casa, passou no bar que tinha perto da casa dele, tomou algumas cervejas, e voltou para casa, como se nada tivesse acontecido. Nada pra ele importava porque tudo que ele fazia era apenas diversão para ele se sentir bem. Ele não se importava com as pessoas que ele matava atropeladas. Ele voltava para casa e dormia sem pensar no que acontecia, e só pensava no outro dia.
Aline


Bem, para ele, a noite tinha acabado. Ele, vendo que a mulher não estava morta, pegou seu carro e foi embora. No dia seguinte, voltou para fazer mais uma vítima que estava na beira da estrada. Ele acelerou o seu carro e foi para cima da mulher. Faltando dez metros para bater na mulher, ela conseguiu desviar e ele acabou batendo no poste e morreu.
Cleberson


Logo após o massacre com a mulher, o cara virou o carro com o pneu fritando no asfalto. Chegou em casa com o olho arregalado, preocupado e foi logo contando para os filhos. Os filhos abismados com a atitude louca do pai, furiosos com o pai, ligaram para a polícia e o denunciaram. Em menos de uma hora a polícia chegou e fez a apreensão daquele assassino. Quando chegou na prisão foi torturado por outros presos, até que de tanto apanhar conseguiu ser solto, pois ele cumpriu a pena na própria casa.
Antonia G. Bonida


Na noite seguinte, saí para dar a voltinha como sempre.  Já estava em uma rua escura aguardando vir um homem ou uma mulher. Foi então que avistei, acelerei meu carro, mas, quando estava indo, o carro parou de funcionar. Fiquei meio tenso, a pessoa passou, saí do carro para ver o que tinha acontecido e acordei em uma mesa de hospital com a notícia de que não iria mais andar. De repente, uma mulher desconhecida entrou no quarto onde eu estava e falou:
- Como é bom atropelar as pessoas, né?
Dali em diante não poderia mais dirigir e nem matar mais pessoas. Fiquei louco por não poder matar mais pessoas, preso para sempre em um hospício.
Paloma


Ao voltar para casa me deparei com a minha mulher assistindo um noticiário na TV sobre um maníaco que andava num carro preto atropelando mulheres. Nem me preocupei e fui me deitar. Na outra noite fui dar uma volta, como sempre faço, quando do nada, apareceu uma mulher andando às pressas, virando a esquina de uma rua que eu nunca tinha visto antes. Não pensei duas vezes, acelerei o carro e fui chegando perto e mais perto e, no momento em que bati, dei de cara com uma viatura. Tentei fugir, mas outras viaturas vieram e me cercaram. Darley de O. Souza


Rapidamente fui para casa. Chegando lá, minha mulher estava na sala assistindo
televisão com os nossos filhos. Olhei para ele e disse:
- Vou dormir, amanhã vou ter um dia bem tenso e longo, boa noite.
  Felipe


Indo embora, em alta velocidade, de repente, apareceu um filhotinho no meio da estrada. Acelerei em sua direção, porém, na hora “H”, desviei. Aquele animalzinho merece miais a vida do que as pessoas que eu mato.
Parei no acostamento e fui correndo para apanhá-lo. Quando o segurei nos braços, ouvi um som de buzina muito alto. Olhei para o lado e vi um farol que me cegava a apenas um metro. É o fim.
Gustavo H. Pires


Rapidamente acelerei meu carro, fui pra casa. Chegando lá coloquei o carro na garagem, entrei.
- Está melhor agora? – perguntou minha mulher.
E eu respondi com um tom irônico:
- Sim, estou. Agora vou tomar banho e me deitar, porque amanhã tenho um dia longo, assim como todos os outros.
Bruno Henrique


Acelerei o carro tentando sair dali o mais rápido possível. Na rua de cima, tinha uma viatura. Diminui a velocidade e passei devagar, como se nada tivesse acontecido.
No dia seguinte, indo para o trabalho, comprei um jornal com a manchete: Mulher é atropelada brutalmente, mas sobrevive. Quando acabei de ler, quase bati o carro, fiquei muito nervoso, com medo de que aquela mulher pudesse me reconhecer. Um tempo depois, fique sabendo que aquela mulher teve alta do hospital. Por um acaso, encontrei-a na mesma rua escura. Não pensei duas vezes, apaguei os faróis e terminei o que já havia começado.
Marcos Vinicius


Enfim me tranqüilizei e, com ar descansado, segui para casa. Ao chegar a uns dez minutos de casa, vi um homem com olhar de repulsa total. Assim que parei o carro, rente ao portão, ele veio até mim e bateu na janela. Abrindo a janela, ele com o maior orgulho e a boca cheia para falar, disse:
- Finalmente pegamos você.
Assim que terminou de falar apareceu, com tudo, viaturas de polícia e a ambulância. Por azar, com a mulher dentro da ambulância junto a um PM, que estava atrás de uma árvore, filmou tudo. Sim, claro! Fui julgado, peguei dez anos de prisão, foi uma tortura. Minha mulher, sempre muito triste, me visitava junto com meus filhos. Dez anos depois, saí da prisão e voltei para casa. Um mês depois, estava andando pela rua, quando vi um carro vindo muito veloz. Olhei bem e era aquela mulher sentada no banco.  Em questão de minutos, vejo-me estirada na rua. Logo depois , acordo em um hospital.
Monique Evelyn dos Santos


Tentei seguir em frente, pelo outro lado da rua, fechei os vidros do carro. Coloquei uma música e parei o automóvel. Desci do carro, olhei para a estrada e fiquei imaginando várias outras formas de matar uma mulher, era como se eu refletisse várias cenas de acontecimentos. Entrei no carro, abri as janelas. Coloquei óculos escuro, e fui na velocidade máxima, passei por cima de duas mulheres. Era uma cena incrível. Enfim, elas já estavam mortas e eu vivo para matar novamente.
Tamires


Abri a porta do carro e fui verificar se a moça tinha mesmo morrido. Coloquei a mão sobre o pulso dela e, de repente, ela abriu os olhos. Eu fiquei espantado, afinal, com uma batida daquelas, não imaginei que ela ainda respirasse. Peguei-a no colo e a coloquei próxima da guia da calçada, corri para o carro. Antes que alguém pudesse me ouvir, acelerei e pude ouvir o som dos ossos partindo, e quase ouvi o seu gemido desesperado. Definitivamente, ela não ia escapar daquela vez. Podia ir embora aliviado, sem me preocupar com erros, afinal, meu dia foi realmente cansativo.
Maria Carolina


De repente apareceu um carro modelo corsa com uma sirene. Quando eu ouvi a sirene, acelerei. Olhei no retrovisor, era realmente a polícia, mas não adiantava acelerar. Parecia que mandaram a ronda mais reforçada de todas. Eu logo pensei que ia morrer. Em Nova York tem pena de morte. Eles me pegaram, e fui algemado. Eu perguntei se podia pagar fiança. E responderam:
- Sinto muito, não tem mais volta.
Solange


Voltando para casa com o fato ocorrido na cabeça, minhas mãos geladas, minhas pernas tremiam. Eu estava entrando em uma crise de desespero, e sem saber o que fazer, corria em alta velocidade. Perto de casa avistei meus filhos e minha esposa junto com a polícia. Sem ao menos perceber, notei que havia uma testemunha que tinha presenciado o crime. Naquele momento, algemado, só pensava nos dias terríveis que teria que passar na prisão.
Rafaella


Fiquei muito satisfeito com aquela cena. Só em pensar que posso sair todos os dias para me satisfazer fico feliz. Sinto um prazer imenso em fazer isso, afinal esse é o único prazer que sinto na vida. Maria Marta


Dei marcha-ré, notei que não tinha ninguém e fui para casa. Quando entrei no quarto minha mulher ainda estava jogando. O sossego dela me irrita de uma forma que não tem explicação. Meus filhos já não estavam mais em casa. Fui para a biblioteca e cheguei à conclusão de que eu faço isso com as pessoas pela sensação de abandono, por nunca ter recebido carinho da família. Mas acho que isso não tem como mudar, é o único jeito de aliviar meu estresse.
Helen Carolina


Dei meia volta no carro e voltei tranquilo imaginando quem seria a próxima vítima no dia seguinte. Peguei um atalho por dentro de um beco e vi mais adiante, dois rapazes. Aparentavam seus 35 anos. Era uma rua escura e parada. Me perguntei “será que três em uma noite é muito?”. Não quis nem saber. Desliguei o farol. Diminui a velocidade e acertei os dois na altura dos joelhos, quebrando-os pelo meio. Foi uma só, dei meia volta para concluir o trabalho. Só não contava em dar de frente com uma base fazendo ronda de noite.
Passei rápido por eles. Colocaram o foco do farolete na minha cara. Naquela hora pensei que iria ser pego. Não parei, passei ligeiro, rápido que nem um tiro. Dobrei a esquina e acelerei, como se não tivesse nenhum carro pela frente. Cheguei no meu prédio, parei o meu carro, peguei uma lona, o cobri, fiz a mesma coisa, retirei os dois carros, coloquei o meu e entrei no meu apartamento. Falei boa noite para a minha mulher que estava sentada no sofá vendo o filme que passava após a novela. Falei:
- Tenho que dormir, vou entrar cedo amanhã na companhia.
Edivan



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